Primeiro, meus caros amigos, convém esclarecer que estar triste não é ser depressivo; que estar triste, por uma razão aceitável, como perder um amigo, um familiar, uma oportunidade muito esperada é, de algum modo, “saudável”, pois é a reacção mais esperada. Quem souber o que a tristeza é, também sabe o que são momentos de felicidade. Porque é que numa idade tão jovem onde acontece a descoberta, relações fortes e, até certo ponto, a aceitação por parte dos pais de alguns “desajustes” ou “desencontros” pode haver lugar para se instalar uma depressão?
Aprendi que a adolescência é como uma festa que pode ter períodos de escuridão, mas que o dia seguinte poderá encarregar-se de os dissipar. Quando a “noite” teima em permanecer e os dias deixam de ser esperados e tudo parece correr terrivelmente mal, as tarefas da adolescência sofrem interrupções ou cortes que impedem a sua resolução.
Um adolescente com problemas graves não consegue “separar-se”, isto é tornar-se autónomo dos pais: isola-se ou entra facilmente em conflito com os amigos, fica permanentemente inquieto com a as identidade (“Quem sou eu?”). Pode então surgir a depressão, que os estudos provam não ser rara, afectando um número crescente de menores cujos sintomas e consequências podem provocar dificuldades, tanto ao jovem como à sua família.
Por favor, não estranhes se um amigo teu estiver depressivo e não o conseguir dizer. Ele tem dificuldade em comunicar isso. Às vezes, nem os próprios pais reconhecem que o seu filho ou filha está depressivo. Na maior parte das vezes, a depressão nos menores não se manifesta como no adulto!
Como é sabido, a adolescência é um período de tumulto das emoções e dos estados de humor que variam em cada momento. Ora se manifesta alegria, ora se mergulha numa introspecção profunda, ora fazemos de um acontecimento um grande drama, ora exacerbamos em sensibilidade.
É um tempo de “medir forças”, de alguma contestação (ainda que os pais o neguem, porque também eles foram um pouco assim). “A adolescência dos pais não é nem melhor nem pior do que a dos filhos, simplesmente porque foi tão adolescência como a deles” (Eduardo Sá). Por vezes, os pais (e outros adultos) têm dificuldade em distinguir os “altos e baixos” das emoções e do comportamento do jovem, dos verdadeiros sinais de depressão. É que, repito, esta não se manifesta da mesma maneira que nos adultos, mas sim por sinais de irritabilidade, crises de identidade, sentimentos de baixa auto-estima e dificuldade em lidar com as frustrações, que se podem confundir com aquilo que é aceitável na adolescência, enquanto período turbulento e de “inesperado”.
É frequente os pais levarem um filho ou filha ao psicólogo por problemas de comportamento, aliados a dificuldades de aproveitamento escolar. Pensam que os psicólogos têm uma varinha mágica para disciplinar ou tornar os filhos em melhores alunos. Depois de algumas sessões, alguns pais ficam surpreendidos quando confrontados com um diagnóstico de depressão. Não podemos culpar os pais por isto quando eles tentam ser “suficientemente bons”...
Um jovem com baixa auto-estima, uma elevada auto-crítica e que sente quase nenhum controlo sobre o que de negativo lhe possa acontecer é aquele que é particularmente vulnerável à depressão. Se te sentires ou tiveres um amigo com humor depressivo persistente, notas baixas na escola, apesar de se esperar dele mais, que tem dificuldades no relacionamento com os amigos e os pais, se isola, abusa de substâncias e manifesta desinteresse, tem uma vida sem projectos e outros comportamentos negativos, podemos estar na presença de alguém com muito valor, mas deprimido. Faz o favor de procurar ajuda, oferece ou sugere ajuda especializada. É urgente! O tratamento passará por uma psicoterapia aliada algumas vezes a medicamentos.
“O que podemos cultivar para não deixar a depressão instalar-se?” Em primeiro lugar, é aceitares-te como és, pois estás ainda num processo de transformação. Podes dedicar-te a actividades saudáveis, ter amigos que partilhem os teus ideais e interesses e saberes dizer “NÃO” quando qualquer situação te pareça perigosa. Deves ser verdadeiro contigo e com os outros, não deixando de seres tu mesmo. Por favor, tem pelo menos um sonho e luta por ele – um jovem sem projectos é como um pão sem sal!
Depois, tem paciência com os pais. Podes ser filho único ou o primeiro a chegar à adolescência. Os pais são humanos, reais e podem cometer erros, até podem magoar-te por vezes. Tem paciência; os pais esqueceram-se de partes importantes das suas adolescências, outros não tiveram a oportunidade de vivê-la intensamente. Conversem sobre isso e sobre tudo o mais que vos vier à cabeça. Também não esqueças de fazer muitos e bons amigos! Vais perceber que...
“(...) só se pode ver bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos”.
“Algumas pessoas entram nas nossas vidas e logo se vão embora, outras permanecem durante um tempo e deixam pegadas nos nossos corações. E nós nunca mais seremos os mesmos.” (autores desconhecido)
Por Lília Tavares, Psicóloga Clínica - in ZY (adaptado)
Aprendi que a adolescência é como uma festa que pode ter períodos de escuridão, mas que o dia seguinte poderá encarregar-se de os dissipar. Quando a “noite” teima em permanecer e os dias deixam de ser esperados e tudo parece correr terrivelmente mal, as tarefas da adolescência sofrem interrupções ou cortes que impedem a sua resolução.
Um adolescente com problemas graves não consegue “separar-se”, isto é tornar-se autónomo dos pais: isola-se ou entra facilmente em conflito com os amigos, fica permanentemente inquieto com a as identidade (“Quem sou eu?”). Pode então surgir a depressão, que os estudos provam não ser rara, afectando um número crescente de menores cujos sintomas e consequências podem provocar dificuldades, tanto ao jovem como à sua família.
Por favor, não estranhes se um amigo teu estiver depressivo e não o conseguir dizer. Ele tem dificuldade em comunicar isso. Às vezes, nem os próprios pais reconhecem que o seu filho ou filha está depressivo. Na maior parte das vezes, a depressão nos menores não se manifesta como no adulto!
Como é sabido, a adolescência é um período de tumulto das emoções e dos estados de humor que variam em cada momento. Ora se manifesta alegria, ora se mergulha numa introspecção profunda, ora fazemos de um acontecimento um grande drama, ora exacerbamos em sensibilidade.
É um tempo de “medir forças”, de alguma contestação (ainda que os pais o neguem, porque também eles foram um pouco assim). “A adolescência dos pais não é nem melhor nem pior do que a dos filhos, simplesmente porque foi tão adolescência como a deles” (Eduardo Sá). Por vezes, os pais (e outros adultos) têm dificuldade em distinguir os “altos e baixos” das emoções e do comportamento do jovem, dos verdadeiros sinais de depressão. É que, repito, esta não se manifesta da mesma maneira que nos adultos, mas sim por sinais de irritabilidade, crises de identidade, sentimentos de baixa auto-estima e dificuldade em lidar com as frustrações, que se podem confundir com aquilo que é aceitável na adolescência, enquanto período turbulento e de “inesperado”.
É frequente os pais levarem um filho ou filha ao psicólogo por problemas de comportamento, aliados a dificuldades de aproveitamento escolar. Pensam que os psicólogos têm uma varinha mágica para disciplinar ou tornar os filhos em melhores alunos. Depois de algumas sessões, alguns pais ficam surpreendidos quando confrontados com um diagnóstico de depressão. Não podemos culpar os pais por isto quando eles tentam ser “suficientemente bons”...
Um jovem com baixa auto-estima, uma elevada auto-crítica e que sente quase nenhum controlo sobre o que de negativo lhe possa acontecer é aquele que é particularmente vulnerável à depressão. Se te sentires ou tiveres um amigo com humor depressivo persistente, notas baixas na escola, apesar de se esperar dele mais, que tem dificuldades no relacionamento com os amigos e os pais, se isola, abusa de substâncias e manifesta desinteresse, tem uma vida sem projectos e outros comportamentos negativos, podemos estar na presença de alguém com muito valor, mas deprimido. Faz o favor de procurar ajuda, oferece ou sugere ajuda especializada. É urgente! O tratamento passará por uma psicoterapia aliada algumas vezes a medicamentos.
“O que podemos cultivar para não deixar a depressão instalar-se?” Em primeiro lugar, é aceitares-te como és, pois estás ainda num processo de transformação. Podes dedicar-te a actividades saudáveis, ter amigos que partilhem os teus ideais e interesses e saberes dizer “NÃO” quando qualquer situação te pareça perigosa. Deves ser verdadeiro contigo e com os outros, não deixando de seres tu mesmo. Por favor, tem pelo menos um sonho e luta por ele – um jovem sem projectos é como um pão sem sal!
Depois, tem paciência com os pais. Podes ser filho único ou o primeiro a chegar à adolescência. Os pais são humanos, reais e podem cometer erros, até podem magoar-te por vezes. Tem paciência; os pais esqueceram-se de partes importantes das suas adolescências, outros não tiveram a oportunidade de vivê-la intensamente. Conversem sobre isso e sobre tudo o mais que vos vier à cabeça. Também não esqueças de fazer muitos e bons amigos! Vais perceber que...
“(...) só se pode ver bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos”.
“Algumas pessoas entram nas nossas vidas e logo se vão embora, outras permanecem durante um tempo e deixam pegadas nos nossos corações. E nós nunca mais seremos os mesmos.” (autores desconhecido)
Por Lília Tavares, Psicóloga Clínica - in ZY (adaptado)